mara mac
têca
redley
top 10 cds da minha vida:
01 - 'is this it', strokes
02 - 'when the pawn', fiona apple
03 - 'fever to tell', yyy
04 - 'you are free', cat power
05 - 'the execution of all things', rilo kiley
06 - 'old world underground, where are you now', metric
07 - 'con la mente perdida en intereses secretos', franny glass
08 - 'sweet jardim', tiê
09 - 'ventura', los hermanos
10 - 'nadadenovo', mombojó
existem duas maneiras de não sofrer. a primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebe-lo. a segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.
- italo calvino [em cidades invisíveis]
eu não estava preparada para esse tipo de surpresa {que é mais espanto do que alegria}. por mais que todas as características correspondessem ao arquétipo que eu criei, nunca quis que aquela sensação {breve} de estar saciada viesse a gerar essa sede insuspeitada.
porque agora não sei o que fazer com um modelo do que quero pra mim dentro de uma pessoa que não quero pra mim.
no café da manhã, minhas certezas servem-se de dúvidas. e têm dias em que me sinto estrangeiro em montevidéu e em qualquer outra parte. nesses dias, dias sem sol, noites sem lua, nenhum lugar é o meu lugar e não consigo me reconhecer em nada, em ninguém. as palavras não se parecem àquilo que dão nome, e não se parecem nem mesmo ao seu próprio som. então não estou onde estou. deixo meu corpo e saio, para longe, para lugar nenhum, e não quero estar com ninguém, nem mesmo comigo, e não tenho, nem quero ter, nome algum: então perco a vontade de me chamar ou de ser chamado.
- eduardo galeano [em o livro dos abraços]
novamente [e para sempre] um seriado me faz perceber algo que racionalmente eu negava.
private practice, episódio de segunda passada:
"you were right, i'm jealous. i mean, i'm not jealous like i wanna be with him, i'm just jealous like i don't wanna see him with anybody else. which is crazy, and unfair."
{crazy and unfair, eu}
"mas o que eu queria mesmo dizer é que eu fico muito feliz quando eu percebo que as pessoas não desistem de mim. porque até eu desisto de mim com uma freqüência considerável, então é muito bonito quando você percebe que as pessoas se importam com você, apesar da sua inabilidade em manter contato, como exige um relacionamento saudável. porque das minhas intenções só eu sei, mas só a intenção sem ação não vale muito. e eu realmente preciso que as pessoas não desistam. é um motivo para continuar levantando da cama todo dia."
- aninha, em pas du tout.
no princípio, era a surpresa e o impulso. as sinapses desencontradas sem nenhuma direção. {eu poderia arrancar as interrogações das minhas coxas e ir, estóica, até a última dúvida}. precisei frear os sentimentos ou meu corpo viraria um campo minado. quando se fica tão vulnerável é difícil não enlouquecer. e mesmo assim, frente àquele imenso espaço sem respostas, não questionei. afirmei o que compreendi como verdade. e em troca veio algo construído com um substrato tão sincero. {apesar de}. agora é apenas a ansiedade misturada com alguma outra sensação paralisante. um medo parecido com vertigem {que é, senão, o temor à vontade de se jogar e não à possibilidade de queda} daquilo que não tem nome, mas nem é recomeço nem é continuação.