28 janeiro 2008

sobre a redescoberta do cerrado ou "a epopéia" parte III

quando eu cheguei em brasília a seca estava no auge. era metade de agosto e a cidade estava há quase 100 dias sem chuva. o gramado entre as pistas do plano piloto ia amarelado de uma ponta à outra. os ipês, que ficam completamente coloridos na primavera, estavam só galhos secos.

a bruna foi uma excelente anfitriã. e, cara, eu adoeci na primeira semana, sabe? perdi a voz, dei trabalho, até chá de alho aceitei tomar pra ficar boa. foi horrível, mas eu melhorei.

nos 17 dias que fiquei lá conheci uns oito bares. natal não tem oito bares freqüentáveis.

fui na primeira vernissage da minha vida. quase não lembro dos quadros, mas nunca esquecerei o fondue de chocolate que foi servido.

não gostei muito da boate que eu conheci, a landscape.
mas adorei o zoológico e o ccbb. passeei na unb, pelas galerias, pela biblioteca, comi torta holandesa ao lado do CA de história. aí fui na sorveteria sorbet e as meninas me zoaram porque eu pedi sorvete de paçoquinha. dancei em show de alceu valença. comi de um tudo na feirinha da torre, até o meu queridíssimo cuscuz de tapioca. também revi as casas em que morei e, caceta, o tempo muda tudo. mesmo.

eu troquei meu piercing do nariz por uma argolinha, fiz minha primeira tatuagem, experimentei profiterólis e brócolis {e eu nunca experimento comida}, conheci a chapada dos veadeiros.

a viagem pra brasília foi bem especial também pelas pessoas que eu conheci e eram amigas de internet há tempos. é sempre um prazer trazer mais alguém pro álbum de retratos da vida real.

na chapada eu vivi momentos raros, daqueles que só você reconhece como segundos muito fortes de vida pulsando.

cachoeira de almécegas II

é tudo muito lindo por lá. o céu do planalto central é o mais intenso. e as cachoeiras, mesmo estando com nível baixo de água, eram estupendas. visitamos quatro: almécegas II, são bento, raizama e vale da lua. foi inclusive na são bento que eu passei pelo meu maior desafio interno... saltar de uma cachoeira. era uma altura de no máximo três metros, nada muito radical. e uns meninos estavam pulando, todos mais novos que eu. uma amiga também pulou.

e eu fiquei entre a angústia de 'não ir e me arrepender' ou 'ir e me arrepender'. lá em cima o medo faz travar. a imaginação coloca imagens obtusas do seu corpo boiando, ou você batendo nas pedras antes de cair na água. talvez até seja perigoso de verdade, mas várias pessoas pularam antes de mim e isso de certa forma dava uma segurança com relação ao local da queda. e eu pensava nos meus pais, nos meus amigos. pensava se devia me arriscar assim. pensava se eu não estava sendo boba por não saltar logo. até que parei de pensar e dei um passo em direção ao abismo. e a sensação é como nenhuma outra.

é melhor que doce. é melhor que a trilogia do poderoso chefão. é melhor que se apaixonar. é melhor que dançar. é melhor que beber até os lábios ficarem dormentes. é... é tão bom que você só sente seu coração saindo. e naqueles dois ou três segundos de queda livre nada mais existe no planeta. só a vida implorando que seja sempre assim. só isso. all the way. e falta fôlego. e a batida na água é forte. e água de cachoeira é sempre gelada. mas o mergulho é tão libertador, faz você se sentir capaz de qualquer coisa no universo. foi muito importante sentir isso. a energia da chapada mexeu comigo demais. obrigada, meninas, de coração.

5 comentários:

Anônimo disse...

Quando tu falou que Natal não tem oito bares freqüentáveis só me lembrei do bar que freqüentamos ontem na nossa querida Puta Negra.

Agradabilíssimo e com um pastel deveras excelente aquele lugar... Mas depois da confusão dos 10% tenho medo de voltar lá e encontrar uma 'goipada' linda entre o maravilhoso doce-deleite e o queijo. Mas sim, voltaremos lá.

Outra, prefiro a trilogia do Poderoso Chefão do que saltar na cachoeira. Prontofalei.

:)

Unknown disse...

corajosa <3

Jacqueline disse...

etcha vida boa essa, hein Ju!
vc tá de parabéns... pra quem se sentia estagnada, vc deu um grande pulo... daqueles que todo mundo sonha em fazer uma hora dessas.

beijo grande! e volte mais vezes a brasilia...

jac

Anônimo disse...

ju, eu sou das que pulam, das que escalam cachoeiras, das que mergulham em águas geladas e não pensam muito antes de tudo isso.

mas o que fazer quando não há cachoeiras, abismos, rios ou qualquer outra aventura do tipo?

tenho tanta vontade de viver quanto medo de não estar vivendo tanto assim.

um beijo.

Anônimo disse...

aquilo ali é ju? de biquininho azul? fiu-fiu hein!