22 fevereiro 2008

o rio de janeiro continua sendo ou "a epopéia" parte IV

eu sou carioca. e, apesar de ter saído do rj com um aninho, sempre passei as férias lá. a sensação que eu sinto quando volto é de bem estar... com umas doses de saudade e outras de alívio. sei que estar lá é bom até quando é ruim.

dessa vez, cheguei no sábado à noite e o destino foi direto a lapa. andamos, bebemos na rua, entramos em um bar após o outro. a lapa é bem 'tudo ao mesmo tempo agora'. tem até chopperia com quatro andares. adóro. dormi umas 6 da manhã, levantei meio dia e aí... domingão. parada gay. copacabana. delícia, apesar da absoluta falta de pessoas bonitas.

a segunda foi mais leve. dia de passear no cosme velho, tirar fotos próximas ao bondinho que sobe pro cristo no corcovado, e num chafariz perto do túnel rebouças... e depois comer e beber nos botecos de laranjeiras.

no dia seguinte, rolé muambeira... fui ao saara, melhor centro de compras de bugingangas do rio de janeiro. melhor até que o alecrim aqui em natal. uma loucura. quando dei por mim mais de cinqüenta reais já tinham magicamente se transformado em sacolas nos meus braços. os brincos que comprei já quebraram todos... tirando isso, as outras tralhas estão aqui inteirinhas da silva. e eu ainda fui corajosa o suficiente pra encarar um pastel com caldo de cana no final do dia.

não satisfeita com o tanto que eu tinha andado, ainda fui lá pra gávea ver um show de graça do cordel do fogo encantado na puc. peguei a maior chuva do universo. MESMO. acho que só se compara à um dia em são paulo em que fui conhecer a vila madalena e andei quase 2km ladeira acima debaixo de uma chuva com gotas ridiculamente pesadas [conto mais disso na epopéia V]. o show foi normal, mas eu passei mais tempo prestando atenção nas pessoas e tentando me secar.

como eu tava bem non stop, na quinta-feira peguei metrô pro centro e fui conhecer o ccbb. lá é tudo lindo. o lugar é grandioso, sabe? a estrutura, os andares, o café, a livraria... fiquei encantadíssima. a exposição principal chamava "lusa" e era sobre a origem de portugal. tinha até uma sala [maior que a casa onde moro, diga-se de passagem] só com especiarias, falando do período que portugal tava na vibe pegar muamba na índia. devo ter passado umas três horas lá dentro.


ccbb - rj

de lá peguei metrô de novo, agora sentido bairro do flamengo. assim que saí passei por uma feirinha de livros e comprei 'o lustre', da clarice. uma de minhas melhores aquisições cariocas. já era noite e eu tava indo pro oi futuro, um prédio todo modernoso que tem o museu das telecomunicações, uns banheiros chiques, umas escadas transparentes... e um público über metido. era pocket show do diplo... de um tal projeto multiplicidade. quando cheguei faltava mais de uma hora pro show e a moça disse que os ingressos tinham esgotado. fiquei puta, mas decidi esperar... consegui o ingresso com um cara que comprou pra um monte de amigos e um deles desistiu. ele queria me vender inteira, eu disse que só compraria meia. ficou aquele impasse, acho que ele queria logo se livrar e acabou me vendendo assim mesmo. achei bem sem gracinha o set do diplo, muito funkão pra gringo e classe alta. salinha com ar condicionado, almofada pra sentar. assim qualquer um dança funk! só na mordomia... sei lá, achei tudo muito falso. mas tinha a deborah block e a fernanda abreu rebolandinho e isso foi engraçado. peguei mais chuva na volta pra casa.

aí na sexta eu tava louca pra sair. fui pra casa de uma amiga no humaitá, de lá fomos pra cobal beber, eu tinha quatro garrafinhas de ice na bolsa e depois da segunda eu já tava abestalhada... tanto que quebrei a terceira garrafa porque não consegui me equilibrar, segurar a garrafa e uma batatinha frita. tudo isso eu sentada... foi engraçado. dali fomos atrás de um bar gay em ipanema, mas tava fechado e saimos andando bairro adentro. passamos em três lugares diferentes sem saco pra ficar em nenhum deles. no último eu vi a menina que faz o papel de filha do antonio fagundes numa dessas novelas de agora da globo... bebemos um tempo na praia e voltamos pra casa.

sábado depois almoço fui ao MAM por causa da exposição com as fotos da marilyn monroe em 1962, pouco antes dela morrer. deus, que mulher linda! e ela tinha acabado de fazer uma cirurgia de vesícula... tava com uma cicatriz [prrraaaa!] na barriga. e mesmo assim linda linda.

eu me diverti de verdade nesse museu, saí vendo tudo. uma parte era toda dedicada à arte para crianças. e é um cu não poder fotografar exposição. altas coisas sobre 'desconstrução do concreto'... cores, videos, quadros, lugares para rabiscar. adorei tudo. mas o melhor era a árvore dos desejos em que elas podiam colocar papeizinhos com seu nome e seu desejo escrito. lendo alguns dos desejos o que mais me chamou a atenção foi o que dizia assim "quero a maria eduarda só pra mim" e quando eu virei o papel tinha escrito "ananda - 8 anos". rá!

no terceiro andar tinha a exposição sobre o livro Grande Sertão: Veredas. provavelmente a coisa mais criativa que eu já vi na vida. quando você entrava era tanta informação. eu não sabia nem pra onde olhar. o livro tava todo exposto ali de formas inusitadas. com cinco trilhas marcadas. se você seguisse por diadorim ia lendo frases escritas dentro d'água ao avesso só podendo ser lidas colocando um espelho contra as letras. aí seguindo o caminho do diabo as frases eram escritas na areia. e às vezes não dava pra ler porque o vento tinha desfeito alguma palavra. e tinha uma parte de frases escritas com giz em tijolos terracota. uma mais linda que a outra. depois as frases eram bordadas com lã vermelha em pedaços de madeira presos na vertical. alguns outros trechos estavam presos ao teto, com fios pra que puxássemos todo o manuscrito feito com letra de máquina de escrever. e para que ele subisse novamente haviam dois saquinhos com terra que faziam peso e puxavam o tecido inteiro pra cima. e a minha parte preferida, que é claro eu não vou conseguir descrever, mas se esforçem... era assim: você olhava num canto um monte de entulho com algumas letras soltas, havia a indicação de um ponto para observar o entulho e desse ponto, que era um círculo em alguma parte da exposição, todas as letras formavam uma frase que só podia ser vista daquele exato lugar.

no domingo, subi o corcovado desde o cosme velho. andei mais de 10km, eu acho. vi o mirante dona marta, o redentor... lá em cima tem uma energia absurda. fui sozinha, andando pelo caminho do trem que sobe a montanha. aí teve uma hora que ouvi um barulhinho de água e começei a descer uma encosta lá... me molhei um pouco nessa nascente, continuei subindo pela trilha até a estátua. acho que nem na chapada eu andei tanto. e eu tava de havaianas. sentiram o drama? lá no cristo é um barato. torre de babel total. tinha aquele pessoal oriental-turista-clichê com máquina no pescoço, sabe? tinha uma galera com um jeitão meio leste europeu falando loucamente coisas que me lembravam muito a sensação do personagem de budapeste do chico buarque.


o redentor

como eu fiquei muito cansada no domingo, passei o dia seguinte inteiro poupando energia pra 'maldita' [festa fixa da casa da matriz] na segunda à noite. e lá fui eu sozinha pra buatchy. foi bem nhé pra falar a verdade. não dancei nada, o set tava borocoxô, só valeu por 'engine driver' do decemberists que me fez ficar chorandinha pista com aquela porra daquele refrão "if don.t love me, let me go"... depois um cara com uns 35 anos veio dar em cima de mim e eu com nojinho menti toda a minha vida pra ele. aí fui pro segundo andar e tinha umas poltronas fodas e uma rolling stones do mês passado. fiquei mais de uma hora lá lendo e bolei de rir com a frase "ser dj é como gozar com o pau dos outros". acabei indo jogar pac man nos ataris. e voltei pra casa às 3h andando pelas ruas de botafogo.

dia seguinte saí para fotografar algumas vacas da cow parade e já começei dando azar, quando cheguei perto da vaca sentada ao lado do drummond tinham dois mendigos e um deles tava vomitando. no pé do drummond, véi.




de lá emendei pra modern sound, uma loja de cds gigante que tem lá em copacabana para um show de lançamento do terceiro cd de roberta sá, "que belo estranho dia pra se ter alegria". uma graça ela, como sempre. amei o show. só que teve um atraso de mais de uma hora e eu fiquei lá toda conversando com um menino super simpático que disse ser músico e estudar na Unirio. ele até me disse o nome, mas eu esqueci... no final fiquei com vergonha de pedir algum contato e passei horas stalkeando todas as comunidades do curso de música da unirio atrás dele... sem sorte.

aí que eu já estava no rio há 14 dias e era o dia do tim festival [acho que a chan merece um post só pra ela]. dia seguinte, aquela farofada familiar, era o noivado de um primo. e algumas horas depois eu estaria na estrada, no último ônibus pra são paulo. sozinha. mas ainda tive tempo pra uma situação inédita, paquera na parada.

a viagem rio-sp dura 6 horas. e, durante o trajeto, o ônibus faz uma parada só, ali por resende, interior do rio. muito diferente das paradas aqui no nordeste, o local parecia um shopping. e tinha uma loja de chocolates fodas, sem gordura trans, mil e uma opções de recheio. obviamente o pensamento de gorda me levou lá. fiquei todo o tempo da parada conversando com o mocinho vendedor, que era lindo e me deu um chocolate branco com amora porque eu disse que amava chocolate branco e amora. fiquei toda cheia de pensamentos maliciosos pro lado dele e dos chocolates. gastei todo o dinheiro que tinha pra comer na tal loja. entrar no ônibus foi estranho. eu não queria ir. e eu sempre fujo dessas situações porque acho constrangedor. e ali com ele não estava constrangedor at all. a vida só me apresenta dessas...

2 comentários:

Anônimo disse...

ela é carioca...
ela é carioca...

vamos no segundo semestre pra o rio? vamos? vamos?

=]

juliana disse...

ai amigo... eu torço que no segundo semestre eu já tenha quitado as dívidas dessa epopéia paulistana que faremos.

:)