08 fevereiro 2008

que bom que todo carnaval tem seu fim

eu gosto demais de recife, sabe? e queria há tempos ir pra lá no carnaval. não que eu seja a_foliã, veja bem. é só que eu gosto demais desses lances verdadeiramente brasileiros, sem a palhaçada de ser um espetáculo mais voltado para gringos que para nós. nas ladeiras de olinda é proibido tocar axé. proibido. quer coisa mais linda?

eu viajei na sexta, dia 1º, depois do trabalho e cheguei lá umas 19h porque tinha um engarrafamento estúpido já na entrada de olinda. umas 22h fomos pro recife antigo conferir a abertura do carnaval no palco do marco zero. instantaneamente, duas coisas me chocaram: o excesso de vaidade com os cabelos das pernambucanas {cabelereiro deve ser a_profissão do futuro por lá} e a maravilha que é venderem carne de sol com macaxeira nas banquinhas de comida de rua.

nesse dia dormi num apartamento no décimo oitavo andar na rua aurora e o capibaribe estava assim... pura luz:



sábado é dia do galo da madrugada, maior bloco de carnaval do mundo. e a multidão toma tudo, as ruas... as pontes. uma loucura. e lá fomos nós atrás do galo. tava um sol absurdo, e tinha muita muita gente, cheguei embaixo dele, tirei a foto, mas fui "franguinha" e não agüentei ficar.


segui para olinda. aí é o esquema... sobe ladeira, desce ladeira. muita gente também. a população deve dobrar durante o carnaval... não é possível! vários blocos, várias troças, muitas fantasias, muitos bonecos gigantes. tudo muito colorido, divertido mesmo. e os tambores de maracatu... eu amo maracatu. parece que a batida acompanha o coração, sei lá. mexe com algo que em mim não tem nome, mas tem uma energia muito forte. é só deixar fluir.


eu fiquei tão esgotada no sábado que não agüentei ir pro recife antigo à noite e dormi às 22h {qual a chance?}. o domingo começou já nas ladeiras de olinda novamente. a fantasia do ano foi o uniforme do BOPE, com grande destaque para as meninas que levaram placas com "pega um, pega geral" de um lado e quando algum engraçadinho ia pra cima delas, elas mostravam o outro lado "só não vai pegar você". a galera se pega muito em olinda. e isso me choca um pouco porque não freqüento micaretas. aí sei lá... aquela galera TODA SUADA beijando um atrás do outro. argh! na minha cabeça carnaval+pegação = herpes. ficadica.

nesse dia a programação do rec beat tinha marina de la riva, botecoeletro e móveis coloniais de acaju. era o dia com a programação que eu mais aguardava. aí a marina, por mais que eu tenha gostado é só um bolerinho dois-pra-lá, dois-pra-cá. o boteco foi um tiro no pé... muito sou-carioca-faço-samba-me-adore. só o móveis salvou a noite, como sempre. mesma força no palco, mesma empolgação contagiante. eles conseguiram encher aquela área na frente do paço alfândega, sendo que na mesma hora tava rolando um show de nação zumbi no marco zero. e no final: catarse! choveu quando eles cantaram 'copacabana' e desceram do palco pra famosa roda. lindo de ver, como sempre.

na segunda-feira meus pés já estavam querendo virar baked potatos. o solado latejava de tanto tempo em pé, do sobe e desce ladeira, do largo caminhar entre a torre malakoff, a rua da moeda e o palco do rec beat. cheguei em olinda lá pras 15h. comendo só besteira. já era o terceiro dia sem arroz e feijão, que eu amo. e ainda descobrimos uma sorveteria fenomenal na rua do sol. ponto obrigatório dos últimos dias de folia. saímos bem tarde pro recife esse dia. oito pessoas num palio, quase desafiando aquela conversa de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.

teve o fino coletivo, que eu sinceramente esperava que fosse melhor. até a rolling stone listou música deles entre as 10 melhores de 2007. sei lá, broxei. depois o chris murray com o firebug... a porra de um reggae interminável, chegava a quarta de cinzas e não chegava o fim desse show. cruzes. a noite terminou com a banda do chile, panico. eles são bem diferentes. eu não saberia citar, por exemplo, uma banda que seja parecida. mas é bom. uma pena que eu já tava muito cansada, queria ter curtido mais.

quando acordamos na terça-feira o clima já era de despedida. do cheiro bizarro de recife, das ladeiras de olinda, das recifenses... mil vezes mais bonitas e mais interessantes que as natalenses. demos adeus à rua 13 de maio {parte gay de olinda}, às smirnoff-ice por 2,50, ao japinha de uns 4 anos que mais parecia da yakuza com sua pistola de água.


era o último dia de rec-beat e eu queria muito ter visto o porcas borboletas. mas tava cansada demais pra pegar ônibus olinda-recife (ou seja, horas de engarrafamento) e depois ainda andar da rua aurora até o cais da alfândega. esperei a carona e cheguei quando a orquesta tipica fernandez fierro tava começando. primeira surpresa boa do festival. eles fizeram um espetáculo lindo, a iluminação era de coisa grandiosa mesmo. uns onze músicos ao todo, na frente ficavam quatro acordeons, atrás rolavam uns violinos, uns violoncelos. muito bom poder ver algo com tanta qualidade assim de graça no carnaval.

mas aí como o que é bom sempre acaba, chegou o lucy and the popsonics. bizarramente, eu amo bateria eletrônica e vocais femininos {até os mais estranhos} e, mesmo assim, não suporto essa banda. eles me parecem mezzo irritantes, mezzo arrogantes, e em alguns momentos até idiotas. como eles não têm lá grandes coisas para apresentar, o show acabou logo. e veio a segunda grande surpresa boa do festival, pato fu.

começa que a fernanda takai é a coisa mais linda a pisar nessas paragens desde o show do nouvelle vague em setembro do ano passado com a melanie {vocalista} vestida de melindrosa.

eu nunca tinha visto pato fu ao vivo, não tenho nenhum álbum completo deles no pc e nem me considero fã. inclusive me surpreendi quando me peguei cantando várias músicas. e eles são tão cativantes que eu ficava sem graça quando não sabia a letra para acompanhar. o show foi tão bom, tão leve... passou que eu nem percebi {e, porra, na terça à noite eu já tava só a capa do batman}. nem lembrava o quanto "perdendo dentes" e "canção pra você viver mais" eram lindas. gostei demais.

voltei para casa na quarta-feira de cinzas, dia 6, muito satisfeita com toda a experiência. o ponto realmente baixo desse carnaval foi a questão do banheiro. eu achei ridícula a quantidade de banheiros químicos disponibilizados pela prefeitura, parece até que era uma reunião familiar e não um dos maiores carnavais do brasil. além de poucos estavam sempre imundos. isso me obrigava a beber pouco, logo fiquei puta por mim e por todas as mulheres. e como homem que é homem não tá nem aí pra banheiro químico mesmo, as ladeiras viraram fácil um grande mictório público... preciso nem dizer que olinda vai demorar os próximos 11 meses para se recuperar. aff.

acabou o carnaval, mas começou a contagem regressiva para o próximo.

*378 dias*

3 comentários:

aninha lu disse...

recife e olinda têm uma energia inexplicável. eu, que era avessa à cultura popular, acabei me jogando como podia nisso!
quero muito que dê certo irmos junto ano que vem :))))

Anônimo disse...

"e os tambores de maracatu... eu amo maracatu. parece que a batida acompanha o coração, sei lá. mexe com algo que em mim não tem nome, mas tem uma energia muito forte. é só deixar fluir."


comigo acontece exatamente assim também.
:*

Anônimo disse...

ano que vem estaremos lá!

:)