07 maio 2008

aí minha contagem de plaquetas tinha caído pela metade, a dor no corpo não cessava e eu tinha oito horas pra decidir se estava ou não condições de viajar para um congresso no qual eu apresentaria um artigo.

um medo de passar mal longe de casa, de precisar tirar sangue/tomar soro numa cidade onde eu nem sei o endereço do hospital militar. mas ao mesmo tempo, o medo de me arrepender era bem maior, porque academicamente esse congresso era meu primeiro grande passo.

e eu fui. umas seis horas de ônibus. um calor miserento. muita confusão no cadastramento. palestras todas lotadas... até que eu consegui vaga no dia seguinte de manhã no auditório sobre recursos audiovisuais. e à tarde, no de cinema e música da argentina.

as discussões foram ótimas. fiquei chocada com o alto desempenho em espanhol dos palestrantes. me deu vontade de estudar mil vezes mais. é um absurdo ver uma pessoa se expressar perfeitamente numa segunda língua. você olha e sabe que toda aquela desenvoltura na verdade é o resultado de anos de esforço.

depois de tudo isso era minha vez. eu seria a primeira a apresentar da sala que debatia educação e tecnologia. óbvio que em se tratando de tecnologia algo daria errado... minha ansiedade era quase palpável e o computador não funcionava. eu ia falar sobre podcast e não tinha áudio, qual a chance? quarenta minutos depois, dois artigos apresentados na minha frente e um milagroso laptop emprestado e lá estava eu saindo da minha confortável posição de público para ficar de pé em frente a cinqüenta desconhecidos.

e é claro que eu me confundi, e falei umas besteiras, e pulei um slide sem querer. mas no fim da manhã [e alguns elogios depois] eu me sentia tão realizada. era eu ali, sabe? sete páginas de pesquisa escritas por mim sem a enrolação do jornalismo ou o corpo mole dos trabalhos universitários.

esse artigo é algo que eu me orgulho tanto que nem sei se as pessoas compreendem. e ninguém me disse o que fazer ou como fazer. o tema é meu, o foco foi escolha minha, a bibliografia não me foi passada pelos orientadores. eu corri atrás. e é essa sensação boa de competência que eu pretendo sentir profissionalmente [e não o abuso infinito todo dia de manhã quando eu vou pro vale de lágrimas].

voltei pra natal no mesmo dia que apresentei. tava só a capa do batman... morta de cansada. e com as recomendações de muita hidratação, eu já tava chegando no meu quarto litro de água em menos de 24h. uma loucura. mamanguape nunca foi tão longe. e o motorista nunca foi tão lento.

e foi assim que eu sobrevivi: ao aedes, ao nervosismo, à onipresente vontade de fazer xixi e ao inferno na torre que é recife em maio. cruzes.

3 comentários:

Larissa disse...

Parabens!!!!
Vc fez o que eu nunca consegui, mesmo apos anos de faculdade e enrolacao do jornalismo...

beijos!!!!

Ps: espero que esteja melhor :)

Anônimo disse...

gente, que orgulho.
sera que um dia eu consigo?

Anônimo disse...

ô garota, que coisa mais mimitinha!!

cheers! sabe que eu te dou maiorrapoio. toda uma vontade de estar lá fazendo fiu-fiu quando você terminou.