13 junho 2008

desconstruindo o mito ou "a epopéia" parte V

21 anos na cara e eu nunca tinha pisado em são paulo. acho que justamente por isso [tá, o fato de ser carioca também ajudava] eu não via muita graça ali naquele cinza. sabia de toda a vida cultural, das infinitas possibilidades, blah blah blah whiskas sachet e pensava "férias ok, morar nunca".

eu fui pra lá na última semana de outubro e planejava ficar 15 dias. fiquei 20. e desde esses 20 dias já voltei lá duas vezes.

adorei o jeito como me senti única numa cidade onde todo mundo é diferente e nem por isso alguém se dá ao trabalho de reparar.

fiz todo o roteiro clássico: av. paulista, masp, av. augusta, 25 de março, mercado municipal, benedito calixto no sábado, estação da luz + museu da língua portuguesa, liberdade, galeria do rock, bella paulista, galeria ouro fino, usp.

e cinema! eu vi "nome próprio", "viagem a darjelling", "lírios d'água", "en la ciudad de sylvia", "a via láctea", "preço da coragem", "o passado". natal inteira tem 14 salas, sabe? só no quarteirão onde eu estava na consolação tinha o dobro disso.

no primeiro final de semana vi cibelle no auditório do ibirapuera. foi uma das coisas mais lindas. assim, o rolé foi super troncho. chegamos lá debaixo de uma chuva caceteira e os ingressos estavam esgotados por causa de uma lista de VIPS gigantesca [toda uma galera rica, porém pobre de espírito que tava lá pra fazer a social e não fazia nem idéia de quem era cibelle]. com muita raiva e sem poder ir embora por causa da chuva, ficamos por lá mesmo depois que o show começou. até que uns semi conhecidos saíram na metade e deram o ingresso pra gente tentar entrar. e pã! deu certo! vi umas seis músicas, mas valeu pelo local que é perfeito.


saca a iluminação...


durante a primeira semana, tudo me chocava... a quantidade de orientais, a quantidade de gente de terno, a quantidade de baldeações no metrô. ah, e principalmente o fato dos motoristas não fecharem o cruzamento.

dessa parte da viagem eu quase não tenho fotos. e um dia em particular eu queria muito ter lembrado de levar a máquina: quando eu fui conhecer a vila madalena. o bairro todo tem uma coisa agradável no ar, sei lá. subi e desci mil ladeiras, passei pela rua purpurina, fui ver uma exposição da beatriz milhazes [AMO] na galeria fortes vilaça, depois segui para a livraria da vila. fazia tempo que não me sentia tão em casa numa livraria [desde que a bueno faliu ano passado aqui em natal, eu só compro livro na internet].

no exato segundo que eu, toda faceira, coloquei o pé fora da livraria, são pedro deu uma de "me-beija-que-eu-sou-cineasta" e mandou A MAIOR CHUVA QUE EU JÁ TOMEI NA VIDA. bateu aquele impasse "vou vs. não vou", já era quase 17h30 e eu só imaginava o metrô ficando mais e mais lotado enquanto eu ficava mais e mais molhada. a ida tinha sido só descida, logo [oi, ME FUDI] a volta era só subida. nunca queiram saber o que é subir ladeira contra a correnteza. [lembrando agora me sinto uma das panteras, caralho.] quando finalmente cheguei no metrô e parei na fila para comprar o ticket, eu formava poça. não existia uma só parte do meu corpo seca. até o mp3 player que tava dentro da bolsa de couro passou um tempo falecido por afogamento. o horror, o horror.

no quesito "balada-clima-de-paquera-e-azaração" achei são paulo devagar. conheci o CB num dia que teve montage + uns djs capengas. gostei do espetáculo pirotécnico -barman taca fogo no balcão- no final da noite. mas a hostess continua sendo uma puta idiota. pronto, falei. também conheci a Pacha [boate de semi-celebridade] e fui de HAVAIANAS, só para polemizar porque eu tinha VIP. vi a angelita feijó, a maryeva e a karina bacchi. agora caipirinha por 18 reais é meu cu. depois fui no Vegas num dia de música eletrônica e, mermão, a única coisa boa daquela noite era a barwoman com os dois braços fechados de tatuagem maori.

inventei de ir ver um show do mombojó num tal Studio SP. uma merda. local ruim e apertado, público idiota, funcionários estúpidos, nem a banda tava boa nesse dia. agora abençoada seja aquela caipirinha de saquê que só me fez perceber tudo isso de leve, bem de leve.

são paulo é tão cosmopolita que logo no dia que decidimos "enfrentar" aquele rodízio numa churrascaria low profile, quem tava lá? lcd soundsystem, mixhell e sepultura. sabe o que é ter o james murphy do seu lado no buffet? EU SEI.

sobre os festivais... fui ao "planeta terra" e ao "nokia trends".

o planeta terra tinha tudo pra funcionar. local novo, bandas da moda e ingresso justo. quando cheguei lá na tal "vila dos galpões" tava terminando o show do tokyo police club que eu nem me dei ao trabalho de conferir, um pouco chateada porque antes tocou o pato fu e eu queria ter visto. com tempo livre, fomos andar até que desse a hora de lily allen. e o local é realmente muito foda. tinha galpões separando as coisas, tipo praça de alimentação, banheiros [que não fediam], uma semi feirinha... e tinha um gramado enorme com locais pra sentar. não choveu nesse dia e era super agradável ficar por ali.

os shows aconteciam em dois espaços diferentes e o da lily allen era a céu aberto. ela apareceu com um vestidinho feio, microfone verde limão e chinelo... fumou muito, tava bêbada e não cantava nada. decepção. fiquei até ela cantar smile e fui pro palco coberto ver css pós europa. MELDELS, era outra banda completamente. agora sim fazem jus ao cd, que é super bem produzido e no palco era só galhofa. até maria flor, a atriz gatinha da globo, tava lá curtindo. engraçado. um pouco depois da meia noite, no mesmo palco, começou o rapture. e foi O MELHOR SHOW DO ANO. explico: eu sei que eu tinha visto cat power e nouvelle vague e que isso para meu coração é incomparável. mas gostar de apresentação das suas bandas favoritas é uma coisa, se surpreender com uma banda que você não dava a mínima é outra totalmente diferente. e foi o que rolou. dancei tanto, mas tanto que vieram me perguntar que droga eu tinha tomado. ai, a felicidade...

já o nokia, eu fui com um pé atrás... não vou mentir. queria muito ver o phoenix e já que tava lá mesmo ia ver o she wants revenge. achei bem pobrinho o espaço lá no memorial da américa latina. o festival tava vazio, a área de circulação era rídícula com mil luzes piscando e o bar vender fichas de no mínimo r$ 10,00 foi o cúmulo do absurdo. as previsões se confirmaram, o show do phoenix foi ótimo, empolgante pra caralho, o vocalista se jogou no meio da galera esquecendo toda a origem francesa-blasé dele e eu gritei "too young" como se não houvesse amanhã. e o she wants revenge... bem, se aquilo é a "apresentação" deles ao vivo, eu escuto o cd em casa, muito obrigado.

minha despedida foi num karaokê gay na av. vieira de carvalho. chamava "boa noite, rainha" e vendia itaipava [precisava de mais o quê?]. bebi horrores, acompanhei o coro dos que cantavam, aplaudi loca uma galera. e na volta pra casa ainda dançamos "i.m a slave for you" pelas ruas da república.

saudade são paulo :~

6 comentários:

Larissa disse...

Ai ai, obrigada por me lembrar porque eu amo essa cidade!

Anônimo disse...

Quero parte II, em que eu faço figuração de cueca no ny-bight!!

Anônimo disse...

*by-night, saco! mas "ny-bight" pode virar temdencia hein...

Vinícius disse...

eu sempre achei minha vida sufocada por essa cidade. um mundo de rolés lá fora e eu aqui de braços atados. =/

caralho. ver cibelle, nouvelle vague e cat power no mesmo ano é ultra suerreal pra mim.

achei digno o post.

Priscila disse...

são paulo também tem saudades de você :~

beijo e boa noite, rainha.
*note to self: nunca esquecer esse dia.

pri.

Kami disse...

tu tá bebendo, hein minha filha...
depois fala de quem fuma maconha.
tsc