02 novembro 2008

passei a tarde conversando sobre o quanto as coisas têm sido injustas. sobre o desespero que dá quando você percebe que toda aquela sensação boa de frio na barriga não é recíproca. e relê emails, logs de conversa, mensagens no celular. acaba escrevendo qualquer coisa brega que tente representar tanto sentimento estancado. recita pela milésima vez 'a canção desesperada' de neruda. escuta todas as músicas doloridas, e chora chora chora.

mas em algum momento - seja por esgotamento das forças ou por superação - em algum momento, eu juro, você olha a pessoa e vê um oco. talvez até fique triste, só que é uma tristeza diferente... meio a ver com pena. porque você dedicou uma parte tão grande do seu afeto e a pessoa claramente não soube lidar. e agora fica aí andando oca na vida.

no entanto, independente da outra pessoa ser mesmo uma idiota vazia que merece sofrer lentamente, você ainda tem aquele mísero fio de esperança de que talvez, apenas talvez, se ela viesse e se desculpasse, com jeitinho e duas vezes, tudo ficaria bem de novo. afinal, amores serão sempre amáveis [by chico buarque]. haha.

isso, claro, não vai acontecer. pelo contrário, você irá sair toda serelepe de casa e ao encontrar o alvo de sua estima e danação todos aqueles pensamentos úteis sobre a pessoa ser apenas um oco murcham como brócolis.

não que a presença te incomode, longe disso. mas quando você pensa que naquele mesmo local, durante aquele mesmo festival, porém um ano atrás, você estava levinha, boba, reparando o tempo todo uma pessoa que nem sabia da sua existência e que, ainda por cima, namorava, e agora - depois de ter ganhado e perdido a pessoa - lá estava você vendo um replay bizarro: o alvo da estima e danação com a mesma pessoa de um ano atrás.

todo te lo tragaste. como la lejanía. como el mar. como el tiempo.

5 comentários:

Apple B. disse...

acho que se eu conseguisse chorar as coisas seriam mais fáceis pra mim, mas nem.

de qualquer forma, a gente se sente tão idiota né. porque nesses momentos o coração grita tanto que abafa as considerações racionais que você já tinha elaborado.

não se deixe tragar
:*

Anônimo disse...

acontece. ainda mais a gente (eu, mas acho que você também), que coloca tudo como poesia. é mais difícil desapegar quando você escreveu páginas e páginas enchendo de literatura situações que a maioria dos mortais encara como banalidades.
enfim.

não se deixe tragar²

:*

ana disse...

fui tragada na boca seca do ventre.

de volta estou, de fora pra fora.

Anônimo disse...

não conhecia esse poema, muito boa essa imagem "todo te lo tragaste"... posta mais poesia em espanhol pra eu conhecer =]

mas enfim... é, colega... esses sentimentos desencontrados são foda.

Daniela Arrais disse...

não é fácil, já cantou marisa
=*